

Que estes são desenhos de luz, assistidos por uma câmara fotográfica que quando posta em movimento desenha formas no espaço. Os desenhos são desenvolvidos a partir de elementos que funcionam como uma espécie de alfabeto de formas elementares, objectos estáticos; outros são nocturnos desenhados em viagens na estrada, nestes além do movimento imposto pela mão interferem outros factores como a velocidade a que me desloco e a que as partículas de luz se deslocam, o seu movimento autónomo. Actualmente trabalho em máquinas geradoras de movimento.
Este projecto, tem a ver com as memórias queridas, que pela acção do tempo e da vida, por vezes se perdem, ou simplesmente deixam de ter a mesma intensidade emotiva, nostálgica e até teatral. É, por isso, marcante neste projecto o factor da efemeridade do tempo, da vida, como destruidor desse carácter evocativo da memória.
Assim, este trabalho será composto por caixas, que como microcosmos, protegem momentos, memórias; caixas que no fundo, guardam a materialização desses momentos, onde a função cristalizadora da resina, os conserva, protegendo-os, para que nunca percam a sua essência.
Catarina Ferreira dos SantosA análise transversal das múltiplas visões que o corpo em si pode projectar. O corpo como carne, como massa vulnerável de mutação permanente, que em sua verdade é pleno de uma garantia sublime de humanidade, é uma matéria viva e latejante, um documento precioso de memória.
A procura de relevos carnais que se tocam, que se encaixam, debatendo-se delicadamente; enroscando-se, dobrando-se, enrugando-se para se esticarem depois. Corpos que se entrecruzam em género de árvores plantadas muito proximamente, e crescem expandindo-se milimétricamente no tempo.
Massas de carne são então abrigos da alma. São invólucros que apontam para a possibilidade, através das relações mundanas e carnais de se atingir uma forma de refinamento na capacidade de ser e de sentir.